A Performance, misto de imagem (arte visual) e teatro (arte cênica) ressurge com força trazendo de volta o questionamento proposto pelos artistas alemães da época da I guerra mundial, os dadaístas precursores da Arte Contemporânea, sobre o posicionamento do ser humano no mundo, o impacto visual do próprio corpo e a capacidade humana para comportamentos "bestiais", violentos e inimaginados sob nosso verniz de civilização!
Marina Abramovic- Rhythm 0
A sua performance mais corajosa foi inicialmente um exercício de confiança, em que ela dizia para visitantes que não se moveria durante seis horas, não importa o que fizessem com ela. Ela colocou á disposição em uma mesa do seu lado 72 objetos que poderiam ser usados para agradar ou destruir, incluindo desde flores e um poá até uma faca e uma arma carregada. Ela convidou os visitantes a usar os objetos nela da maneira que desejassem.
Inicialmente, disse Abramović, visitantes estavam pacíficos e tímidos, mas se tornaram violentos rapidamente. ” A experiência que eu aprendi foi que… se você deixar a decisão para o público, você pode ser morta… Eu me senti muito violada. Cortaram minhas roupas, enfiaram espinos de rosas na minha barriga, uma pessoa apontou a arma para a minha cabeça, e outra tirou a arma de perto. Isso criou uma atmosfera agressiva. Após exatamente 6 horas, como planejei, eu me levantei e comecei a andar em direção ao público. Todos fugiram correndo, escapando de um confronto real.”
Esta performance revelou algo terrível sobre a humanidade, similar ao que o Experimento da prisão de Stanford, de Philip Zimbardo e o Experimento de obediência de Stanley Milgram, também mostraram a rapidez com que pessoas se agridem dependendo das circunstâncias.
Essa performance mostrou como é fácil desumanizar uma pessoa que não pode se defender, e é particularmente poderosa porque desafia o que achamos que sabemos sobre nós mesmos.
Durante 6 horas de horror o público a deixou nua, sangrando, com lágrimas nos olhos! O que nos leva a agir de forma tão violenta? Temos ódio guardado esperando só oportunidade de escapar ou essa é nossa natureza, a crueldade?
Ou apenas não estamos verdadeiramente acostumados a assumirmos responsabilidade sobre nós e o que fazemos ao outro e ao mundo e nos tornamos destruidores assim que tenhamos a oportunidade de transferir nossa responsabilidade para outro, culpar o outro?
A instrução da artista era:
Os 72 objetos podem ser usados em mim como se deseje.
Eu sou o objeto, durante este tempo toda a responsabilidade é minha!
Pense: O que você faria se toda a responsabilidade das suas ações sobre o corpo do outro fosse considerada desse outro?
O que tem acontecido historicamente em situações assim? Consegue pensar em alguma?
Arte contemporânea= Convite para você pensar!
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